sábado, 19 de dezembro de 2009

A Expedição Andina - Uma Nova Aventura

Emerson disse certa vez que um homem nunca está só em sua casa, quando está perto de seus livros, apenas quando está no meio da natureza, com as estrelas como suas únicas companheiras. No momento em que escrevo este post, tenho um livro em minhas mãos, e estou confortavelmente sentado na sala de estudos do apartamento em Caxias do Sul, e, apesar de não haver mais ninguém aqui comigo, fazem-me companhia anos e anos de cultura ocidental e oriental, por muitos autores diversos, vários deles meus velhos amigos. Porém, encontro-me em um estado de expectativa, pois toma forma, em minha mente e na realidade, algo que mudará este estado de coisas, e me colocará a sós com as estrelas que Emerson tanto amava.

Ano passado, nesta mesma época do ano, me encontrava no meio da Patagônia, em Puerto Madryn ou Esquel, honrando o nome virtual que escolhi para mim mesmo. Eram os primeiros dias da Expedição Austral, longa viagem que me levou para o extremo sul do continente, até Ushuaia, por caminhos que cruzavam ora território argentino, ora chileno. Tal experiência foi extremamente marcante para mim, pois depois dela, descortinaram-me muitos horizontes que nunca imaginara. Foi pensando nela que escrevi este poema. Logo que voltei da Patagônia, apesar de ter levado algum tempo para formulá-la desta forma, tinha a nítida sensação de que poderia moldar e plasmar a mim mesmo da maneira que Eu bem entendesse. Play With Your Self - Brinque com o seu Self, altere-o, faça dele o que quiser! Por mais que a superfície mude, as profundezas continuaram imperturbáveis. Essa sensação, no princípio muito forte, foi se dissipando, como uma chama que vai se apagando ao longo da noite, mas uma brasa dela continua viva em mim.

Quero reavivá-la, transformar a brasa em vibrantes labaredas, e por isso, planejo uma nova viagem. Desta vez, viajarei para a Bolívia e para o Peru. Este trajeto, o mais conhecido da América do Sul, não apresentará os mesmos desafios que o patagônico. Porém, desta vez, não viajarei com a companhia de algum companheiro mais experiente que eu nas estradas desta parte do mundo - serei só eu e minha mochila. Ainda assim, peço que ninguém se desespere por causa de minha condição. Primeiro por que ela é necessária, segundo, por que ela é temporária. Sei que, no fim das contas, ninguém nunca viajou realmente sozinho - sempre há outro alguém por perto para fazer-lhe companhia, sendo necessário apenas estar disposto a percebê-lo.

Não me despeço ainda, caros leitores, pois resta muito o que fazer antes de embarcar de fato para os Andes. Até este dia continuarei escrevendo o que puder (e quiser) por aqui. Contudo, já deixo-lhes o aviso de que este Andarilho que agora vos fala nunca mais voltará das montanhas. Outro voltará em seu lugar, só não sei ainda quem ele será.