quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Dúvidas pertinentes para a humanidade

Clipes do Queen geralmente me deixam pensando uma coisa: como é que a camisa do Fred Mercury some assim tão fácil? Foram só 5 segundos (de 0:55 à 1:00 de vídeo)!

Por que eu escrevo tanto

Certa feita, estava eu conversando com uns colegas na faculdade quando uma amiga minha diz que descobriu este egocêntrico blog, e que eu escrevia demais. O Marcelo, presente à conversa, foi rápido em acrescentar que eu era perito em dissertar sobre o nada, e que eu estava cada vez melhor nisso, escrevendo cada vez mais e mais sobre coisa cada vez menos relevantes (lembrei-me na hora de um livro intitulado "O Melhor Livro Sobre Nada", onde o autor discutia assuntos relevantes como restos de sabonete, e como eu falo sobre quase exatamente o mesmo tipo de assunto aqui no blog).

Realmente, eu escrevo demais, se comparado com outras pessoas da minha idade, e, realmente, a relevância dos assuntos de minha escolha frequentemente é duvidosa (como a importância de não usar a expressão "intrincado e complexo" em um trabalho universitário). Mas não posso evitar escrever - melhor dizendo, não quero evitar. As idéias surgem em minha mente, e preciso trazê-las para o mundo das palavras, caso contrário morrerão, qual bebês que não saíram do útero materno em tempo. Dramático, eu sei, mas se você é leitor desse blog já deveria saber que tenho fortes tendências para frases hiperbólicas e exageradas. Mas, mesmo deixando toda a dramaticidade de lado, se deixo de dar vida à uma idéia, fico a sensação de que algo bonito se perdeu, mesmo quando a idéia em questão é um tratado inteiro sobre o chiclete que pisei na calçada ou considerações filosóficas disparatadas a respeito da fumaça do cigarro (não, nunca escrevi nada a respeito destes temas, mas certamente escreveria se a oportunidade me surgisse).

Com os meus textos mais profundos, filosóficos e inspirados (ou que pelo menos considero profundos, filosóficos e inspirados), parece-me que não tenho muita escolha a não ser dar-lhes corpo. O processo é sempre o mesmo: em algum momento, tenho uma idéia particularmente sonora, impactante, penso que deveria escrever a respeito no blog, mas nada faço - deixo-a ali onde a encontrei, maturando. De tempos em tempos, parágrafos do texto que escreverei surgem e amontoam-se, até a "substância poética" que os compõe atingir massa crítica, e eu me ver impelido a sentar em algum lugar e esculpir o pensamento com palavras, seja na frente de um computador, seja com papel e caneta. Geralmente um "ensaio sublime", se é que podemos chamá-los assim, demora alguns dias para tornar-se forte o suficiente em meu espírito para poder ser escrito, mas várias vezes no passado, quando confrontado com severa dúvida, sentei-me em casa e pus-me a escrever aqui neste blog mesmo tudo o que me surgia sobre o assunto, costurando as frases e os parágrafos da forma mais coerente, poética e sucinta que posso. Este mesmo texto aqui, que vocês lêem agora, nasceu assim. De certa forma, é como se eles viessem de outro planeta, enviados por alguma civilização extraterrestre mais avançada para o bem da humanidade (to serve men?), e que apenas eu posso transcrevê-los adequadamente. Além de egocêntrico, megalomaníaco, mas é apenas uma metáfora que me pareceu adequada no momento - ou para os homenzinhos verdes (minhas colegas se divertirão horrores comentando estas últimas frases na faculdade comigo).

Falta agora, como falta muitas vezes em diversos textos meus, concluí-lo. A conclusão é, pelo menos para mim, a parte mais difícil de escrever: na introdução, apresenta-se o assunto, e dá-se uma pista de sua opinião a respeito; no desenvolvimento, espraia-se os argumentos e as idéias, deixando-as óbvias para quem quer que leia seu texto, e, na conclusão, ata-se todas as pontas deixadas soltas ao longo dos parágrafos, fazendo como que o trançado de um tapete, dando-lhe um sentido final, que transcende o próprio texto. Em outras palavras, justifica-se por que diabos me dei ao trabalho de escrever tanto, e é precisamente isto que me parece complicado: escrevo por escrever, afinal de contas! Creio que acabei me extendendo um pouco demais sobre meu processo criativo, e que preciso agora fazer um último esforço que valide este grande amontoado de palavras que dei à luz. Disse que escrevo por escrever, mas isto não significa que seja algo sem propósito. No fim, acho que o que tenho para dizer, por mais inútil que possa soar (nomes alternativos para o diretório acadêmico?), possui um propósito, e que o universo inteiro perderia algo bom se as reprimisse ou as deixasse morrer. Por isso, continuarei sendo prolixo por aqui, e falando sobre as maiores bobagens que eu desejar, por que, talvez, não sejam tão bobas assim quanto desconfio.