terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Leituras de verão

Durante o período letivo, eu prometi a mim mesmo que, nas férias eu iria ignorar completamente as leituras recomendadas pelos professores e ler somente o que me agradasse. Como acabei fazendo isso mesmo antes de acabarem as aulas, decidi cortar pela metade as leituras de livros de Psicologia e dar prioridade aos romances e clássicos da literatura.

Gosto de ler livros de Psicologia e ciências afins. Se eu não gostasse, estaria em sérios apuros, pois é a profissão que pretendo seguir, e seria impossível fazer isto sem ler bastante. Contudo, leituras técnicas, por mais agradáveis que possam ser, como os livros de Carl Rogers e Erich Fromm, cansam. O conteúdo é necessariamente complexo e denso, sendo intelectualmente exigente passar duas horas seguidas lendo o mesmo manual sobre técnicas psicoterapêuticas ou considerações teóricas sobre processos cognitivos. Interesso-me por estes assuntos, mas, ao contrário do que pensam meus colegas, não possuo capacidades sobrehumanas de leitura e preciso descansar de vez em quando.

Por isso, tornei quase um hábito meu nesses poucos dias aqui em Porto Alegre desde que voltei de viagem consultar o catálogo das bibliotecas da UFRGS (já sei digitar de cor o endereço) por alguns autores famosos, como Herman Hesse, Aldous Huxley e Leon Tolsoi, ver quais de suas obras estão disponíveis e onde posso retirá-las. Os livros que me interessam mais, anoto o título em um arquivo do Word para lembrar-me mais tarde, e se a oportunidade surge, os retiro e leio. Também sigo bastante o acaso, pegando livros que chamam minha atenção em alguma estante. Por exemplo, ontem fui na biblioteca da FABICO pegar "Sidarta" do Herman Hesse. Não tinha intenção de pegar nenhum outro livro, mas ao passar na seção de literatura alemã, vi vários outros livros interessantes, e voltei para casa com três outros títulos além do que eu pretendia ler originalmente.

Ao contrário dos livros técnicos, romances e histórias são fáceis de ler, quase magnéticos. "Sidarta" terminei de ler hoje, e já estou na metade de "A Metamorfose" de Franz Kafka, que comecei a ler não fazem duas horas. Seria um vício, se não me fizesse tão bem.

Contudo, não acho que parei de estudar Psicologia só porque estou lendo livros de outro estilo. Na verdade, me parece que apenas mudei o foco: com os manuais, aprendo a teoria pura, e com os romances, vejo o nosso objeto de estudo em detalhe, descrito por alguém que tem prazer em fazê-lo. Muito já se disse que aprende-se mais sobre Psicologia lendo a obra de Tolstoi do que qualquer livro científico sobre os Cinco Grandes Fatores de Personalidade e coisas parecidas, mas vou deixar essa discussão para outro post ;).

Cenas da vida de um jovem (futuro) psicólogo

Fui hoje falar com meu orientador de estágio. Tínhamos combinado que, quando eu voltasse, eu apareceria por lá para colocar os últimos detalhes em ordem, fazer um treinamento na burocracia do local. Coisa pouca, pensei na época.

Pois é. Enquanto eu preenchia um formulário, ele chama a secretária e diz "Lúcia, sabe aqueles pacientes da semana que vem que não tem hora marcada ainda? Passa eles pro Andarilho que ele vai assumir os casos". Próxima terça-feira à tarde eu já tenho compromisso. Para quem pensava que teria suas últimas férias sossegado é um bom começo.