segunda-feira, 29 de junho de 2009

As Provações da Faculdade XXXVI

Aparentemente, este desenho revela muitas coisas a respeito de minha personalidade.

Aparentemente, este aqui também.


Seguindo esta lógica impecável, o desenho abaixo também deveria.


Minha opinião a respeito de algumas cadeiras, pelo menos.

As Provações da Faculdade XXXV

Toda culpa que eu sentia por fazer o trabalho de Avaliação Psicológica II em cima da hora e com o mínimo de empenho desapareceu no momento em que li com mais atenção os critérios utilizados para a interpretação dos dados do teste projetivo H-T-P (House-Tree-Person).

domingo, 28 de junho de 2009

Postura Terapêutica em Situações Complicadas

Esse post é baseado em uma conversa que eu e meu colega Bruno tivemos no Google Talk. É curta, mas aborda assuntos que todos que trabalham na área da saúde eventualmente terão que confrontar, especialmente profissionais da saúde mental. Corrigi erros de português e coloquei umas palavras a mais para deixar o texto mais claro, mas não mudei sua essência. Aqui vai ele:

Eu: Cara, mudando de assunto, qual tua opinião a respeito de dizer o diagnóstico para o paciente? Por exemplo, dizer para uma paciente que ela é borderline? Tu acha que é terapêutico ou iatrogênico?

Bruno: depende de cada caso, e do teu plano sobre o que fazer ao informá-lo. No caso, digamos, de uma adolescente identificada como borderline, primeiro, é preciso testar rigorosamente essa hipótese. Também é preciso avaliar a gravidade. Se ela tem muitas tendências suicidas, e já tentou matar ex-namorados algumas vezes é bom informar a ela e aos seus familiares o que é isso e como proceder, e porque é importante ela se manter em tratamento. Por que a pergunta?

Eu: Interesse acadêmico. Meu supervisor local falou sobre isso esses tempos lá no Morada, e depois eu ouvi alguém no congresso falar exatamente o oposto.

Bruno: Hummmmm... teu supervisor local se posicionou contra a devolução do diagnostico?

Eu: Sim – disse que era iatrogênico dizer para alguém que ele era neurótico, por que ela se identificaria com isso. Ou algo assim.

Bruno: Hummmmm... No caso do diagnostico estrutural psicanalítico, eu acho que sim. E de transtornos de personalidade também... com exceção de borderline, talvez. Tipo, não me parece que ajuda dizer pro paciente que ele é histriônico ou narcisista, mas dizer que ele tem Transtorno de Humor Bipolar, personalidade borderline, epilepsia ou esquizofrenia parece muito benéfico, porque ajuda ele a se entender, e entender que aquilo vai continuar pra sempre mesmo, e vai ter que seguir em tratamento psicológico e farmacológico.

Eu: Então, na tua opinião, depende do transtorno?

Bruno: Depende do beneficio que for trazer. Tem transtornos que parecem não trazer beneficio nenhum, enquanto outros sim.

Eu: É contextual, então.

Bruno: Aham, e depende muito da conduta do terapeuta. Tipo, só mostrar o diagnostico vai deixar o paciente muito confuso. É importante explicar como funciona e, principalmente, o que fazer. Isso tem que ajudar ele a se entender, ser compreendido por familiares e colegas, e fornecer o instrumental para ele viver uma vida mais feliz

Eu: E, mais importante, o terapeuta deve deixar claro que tem tratamento, por que se não, daí sim é iatrogênico.

Bruno: Bah, muito boa. Isso se aplica pra diagnosticos psi. Lembra da Síndrome de Huntington? Ou da Síndrome de Hatch? São doenças neurodegenerativas muito graves e sem cura, e é um baita dilema sobre dizer ou não que a pessoa pode demenciar e morrer logo. Mas acho que aí que ta o tentar oferecer uma vida de menos sofrimento. Tipo, dizer isso pra um adulto, que ele vai demenciar e morrer dentro de dez anos, tem que ser acompanhado de um baita trabalho para estimulá-lo a aproveitar a sua vida plenamente, se não ele vai acreditar que não vale a pena viver. E dar a certeza de que, quando ele demenciar, sua família vai acolhe-lo com cobertores quentinhos, comida boa e deixá-lo vendo desenho e levando-o para a praça ou para ver o mar.

Eu: Essa certeza é meio complicada de dar, considerando que não depende da gente.

Bruno: Sim, sim. Mas a gente tem que fazer esse acordo com a família.

Eu: E torcer para que eles cumpram com a palavra deles (ou que o paciente demencie logo e não lembre nada a respeito disso).

Bruno: XDDDDDDDDD

Eu: Em todo caso, a gente cai na velha discussão de "quem cuida dos cuidadores?" - por que, por um lado, cuidar de um familiar demenciado não é fácil, mas por outro, cumprir a promessa de dar cuidado para ele pode dar uma sensação de sentido para os cuidadores.

Bruno: por isso a importância do acompanhamento. Os familiares também sofrem, e precisam desse amparo e de orientação.

Publicado originalmente nos Amoladores de Facas.

terça-feira, 23 de junho de 2009

As Provações da Faculdade XXXIV

O número e qualidade de idéias de textos para o blog é diretamente proporcional à urgência dos trabalhos para a faculdade.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Vida Dura (Parte 24)

Ao contrário do que o senso comum poderia dizer, o centro de uma grande universidade não é a reitoria, mas o restaurante universitário. Para o diabo com o reitor e suas politicagens, pois o povo quer saber é de comida barata! É no RU onde todas as tribos se encontram pois, afinal de contas, desde o bicho-grilo cheirando à maconha mais chinelão das Ciências Sociais à patricinha mais rica e perfumada da Odontologia* querem poupar dinheiro (o primeiro para comprar livros do Marx e "erva doce da paz" e a segunda para comprar cremes da Avon e suas botas para cair na noite do Madras). Além disso, é o local onde estes tão diversos estereótipos convivem e ocupam as mesmas mesas, os mesmos talheres e, claro, comem o mesmo rango.

Claro, a relação que os estudantes de universidades particulares têm com seus RUs é um tanto quanto diversa da dos estudantes de universidades públicas (especialmente federais). Nas particulares, como todas as outras coisas, ela é definida pelo preço da refeição - sempre caro, entre 5 ou 6 reais. Já nas públicas, a questão do preço surge apenas esporadicamente, geralmente quando a reitoria decide aumentar o preço e o DCE organiza passeatas e protestos e os estudantes ficam gritando até o reitor mudar de idéia e deixar tudo como está, sendo o mais importante a natureza duvidosa da comida servida. Tá, eu sei que as estagiárias de Nutrição estão lá, zelando pela nossa saúde e cuidando para que não ocorra uma intoxicação alimentar em massa, mas a impressão corrente é que elas não têm muito sucesso nesta empreitada, e comer no RU da UFRGS é sempre uma aventura. Já ouvi relatos de já terem servido feijão peludo e da nutricionista responsável vir a publico dizer que aquilo na bandeja de todo mundo não era cabelo, mas carne desfiada (eu gostaria de estar inventando isto). Estes são apenas os casos saídos da Twilight Zone, que acontecem de vez em quando. São realmente bizarros, mas não dá para construir uma sólida reputação apenas com um ou dois grandes eventos, mas nas coisas pequenas e constantes de nosso dia a dia, como o feijão com pedrinhas, o arroz cru, a salada radioativa, as bandejas pré-servidas, o suco sabor caneta marca-texto, a carne que deveria ser estudada pelos geólogos e não por nutricionistas... enfim, todas as miudezas que fazem do RU ser tão nosso!

Diante desta situação, como reagem os estudantes? Continuam comendo lá, mas nem por isso deixam de reclamar. É fato que reclamar do RU é um esporte extremamente popular na UFRGS (e este deve ser meu enésimo post nesta categoria). Contudo, todavia, porém, dentre os muitos dias de comida esquisita (e que pode morder em retaliação), aparecem alguns dias que fazem valer a pena gastar R$1,30 para almoçar: os dias que servem delícias como banana com calda de chocolate.




Claro, a banana deve estar verde e tem pouca calda de chocolate, mas ainda é banana com calda de chocolate! E notem que o feijão com arroz também vem acompanhado com batata palha.

*Só pra constar: aqui na UFRGS esse encontro de titãs é difícil, mas pode acontecer em pelo menos um RU - o do Campus do Vale, onde o curso de Odontologia tem pelo menos algumas disciplinas.

Viva a Sociedade Alternativa!

Sentei-me hoje na biblioteca com duas colegas minhas para estudar. Não foi nada extraordinário - para ser franco, para um observador externo seria uma cena um tanto quanto monótona, pois quase nem conversamos. Ainda assim, senti como se algo fantástico estivesse acontecendo naquele exato momento, naquela mesa onde estavamos sentados fazendo algo tão comum.

Senti algo parecido semana passada, e na outra, durante a reunião do nosso diretório. Mais uma vez, não estavamos fazendo nada que não se faz em qualquer reunião de qualquer coisa, seja de diretório ou de clube de biriba: discutimos pautas, tomamos decisões práticas, ouvimos informes, fizemos piada a respeito de algumas bobagens. No meio de toda a algazarra, deixei-me levar e apenas observar, sentir e ouvir o que acontecia ali, e senti-me profundamente contente, pois foi-me permitido ver um coletivo estudantil decidindo seus próprios rumos, mesmo durante o inferno do final de semestre, e tudo isto sem conflitos partidários e brigas mesquinhas! Pode ser que dure pouco e que esta semana o DAP morra novamente, mas durante os últimos seis meses, como ele viveu! Fiquei ainda mais contente quando um outro colega meu, também presente nesta reunião, falou que sentiu algo muito parecido com o que eu mesmo senti.

Que sensação é essa? A resposta surgiu antes mesmo que conseguisse formular a pergunta - é a sensação de pertencer a um grupo, a algo maior que si mesmo e mesmo assim continuar um indivíduo único - de poder depender dos outros mas continuar independente. Se todo movimento estudantil fosse assim, viveriamos uma verdadeira revolução.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

O Segredo da Flor de Ouro

Pois é gente, eu sei que a última atualização deste blog foi em 18 de maio, 20 dias atrás. Considerando meu estilo de produção alucinado, isto é um tanto quanto incomum. Bem, talvez não seja. Tenho a teoria de que nossas maneiras de enfrentar a vida variam com o tempo, e que oscilamos entre extremos. Que quero dizer com isto? Que sou preguiçoso estou em uma fase em que não preciso escrever para elaborar meus enigmas existenciais. Talvez o verbo "precisar" não seja o mais adequado, pois ainda gosto de escrever, tanto que preciso disto tanto quanto eu preciso comer ou dormir (por isso estou aqui). Contudo, não estou em um momento produtivo, mas em um momento reflexivo, cujo foco maior está em absorver o que acontece comigo e transformar isto em algo dentro de mim. Talvez, quando este ciclo estiver superado, eu mostre aqui o que fiz com a flor da minha alma.