sexta-feira, 9 de maio de 2008

Nota para a próxima vinda para Caxias

Copiar para o pendrive os textos escritos pela metade para o blog.

Vida Dura (Parte 10)

Como estudante universitário, eu preciso ler muito. Muito. Muito. Se leio duas horas em um dia acho pouco. E o que leio geralmente se divide entre livros e xerox. Os livros eu trago de casa, consigo emprestado de algum amigo ou pego na biblioteca (1). Com os polígrafos (nome bonito para xerox) a coisa é um pouco diferente. Os professores passam muito conteúdo (mas discutem sempre a mesma merda), e disponibilizam fotocópias de seus livros em pastas no infame “Ponto das Capas”, o xerox mais importante do Campus Saúde – é lá que professores da FABICO, Medicina, Farmácia, Enfermagem e Psicologia deixam os materiais para os alunos.

Apesar de serem quantitativamente iguais, livros e polígrafos são qualitativamente diferentes. Se eu saio com um livro como “Vigiar e Punir” ou “O Erro de Descartes” de baixo do braço na rua e faço uma cara séria, quem olhar para mim vai pensar “nossa, como é intelectual”. Agora, se eu tirar um xerox destes mesmos livros e sair com ele a tiracolo na rua, as pessoas vão pensar na melhor das hipóteses “o que esse cara tá fazendo com esse monte de papel grampeado?”, e na pior “esse infrator das leis dos direitos autorais e assassino de árvores!” Como diria uma amiga minha, “é soda”.

Fotocopiar livros é infração da lei, mas ninguém ali parece se importar – é mais fácil para os professores, que não precisam emprestar livros (ou consegui-los para a biblioteca), e os alunos se conformam. Vai ver que é assim por que a Brigada Militar não tem jurisdição em território federal, e não pode fazer batida ali dentro (na PUCRS são outros quinhentos).

E xerox é um gasto violento para nós, futuros psicólogos. Temos uma overdose de teoria nos primeiros semestres, o que nos obriga a ler feito condenados, e portanto, somos reféns do xerox. Os caras que trabalham lá já chamam a gente pelo nome, de tanto que ficamos lá, deixando nosso dinheiro se esvair.

Esse semestre poupei bastante dinheiro, pois verifiquei a bibliografia das cadeiras, e vi em casa se não tinha nenhum que se aproveitasse. Consegui uns cinco ou seis livros. Ainda assim, gasto pelo menos 30 reais por mês. Ainda bem que não pago mensalidade, caso contrário estaria fodido.