terça-feira, 9 de dezembro de 2008

A Expedição Austral, ou, De Porto Alegre à Ushuaia num Del Rey na Banguela

Caros amigos, quando vocês estiverem lendo este texto, já estarei longe em terras estrangeiras. Hoje à tarde viajo para Buenos Aires, onde ficarei três dias antes de dirigir-me para o extremo sul do continente, a cidade de Ushuaia, no fim do mundo.

Como a viagem para o ENEP em Campo Grande, sinto que esta será mais uma jornada da minha alma, e que não voltarei o mesmo. Há semanas tenho sonhos agitados e confusos, porém estranhamente desafiadores e cheios de esperança, que sinto indicarem aglo no horizonte de minha vida, e que esta expedição às terras austrais não acontece por acaso.

Por pelo menos três semanas, viverei a minha "existência desnuda", sem todas estas parafernalhas modernas que me enfraquecem e me tornam um escravo de meus sentidos. Será difícil. Comerei apenas o que preciso, dormirei apenas o necessário e minha vida será apenas aquilo que consigo carregar em minhas costas. Poderia apenas ficar em casa e aproveitar os confortos que a tecnologia me proporciona, mas esta opção parece destituída de sentido. Eu quero domar o touro pelas aspas, por mais insano que possa parecer. Como Thoreau fez em Walden, quero conhecer a vida em si mesma, para que, quando eu morrer, não descubra que não vivi. Pode parecer um desejo audacioso ou pedante, mesmo para esta dura viagem que empreenderei, mas ela é só um passo nesta descoberta.

Receio não ter muito mais o que falar neste momento. Despeço-me de todos e de todas, desejando um feliz Natal e um feliz Ano Novo, e deixando a promessa de voltar com muitas fotos e com um espírito fortalecido.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Dramas de Estágio (Parte 9) - O Retorno do Jedi

Mais uma vez, venho escrever sobre minhas experiências como futuro estagiário, apesar de já saber que esta série de posts é considerada por alguns leitores dramática demais.

Fico feliz por poder escrever que meus planos para o estágio básico deram certo: consegui uma vaga no Residencial Terapêutico São Pedro, e uma vaga como extensionista no Ambulatório do Projeto Proteger. Já tenho até alguns horários definidos. Está tudo tão certo quanto poderia estar. Ainda assim, algumas dúvidas me incomodam.

Num desses almoços no RU, conversei bastante com o Marcelo sobre o que poderia se chamar de "Metaética dos Estágios". Não lembro dos detalhes, mas ele me citou alguns casos de veteranos, e as decisões que tomaram em relação aos seus locais de estágio e seu futuro profissional. Basicamente, há duas atitudes possíveis em relação a esta escolha: inovação ou comodismo. O Marcelo contou a história de uma amiga nossa que há pouco tempo atrás fora convidada para dar uma palestra sobre movimento estudantil e saúde mental no Ceará, com a passagem de avião paga pela organização do evento. Que ela tenha sido convidada não é realmente surpreendente, pois ela é uma das pessoas mais batalhadoras, persistentes e criativas* da faculdade (eu costumo dizer que o passatempo dela é salvar as criancinhas do Butão), e esse convite é apenas fruto de seu esforço. Mas este merecido reconhecimento é, em grande parte, um reflexo da escolha de seu campo de atuação, pois, ao invés de se contentar em reproduzir, ela preferiu criar e inovar, trabalhando em uma área onde ninguém ainda trabalhava. Como fez isto inteiramente sozinha, tornou-se referência em toda a região sul, e uma das pessoas mais importantes de seu campo no país inteiro. Isso antes mesmo de se formar.

O Marcelo também fez uma comparação entre dois estudantes. O primeiro deles, quando começou o estágio de Psicologia Social, decidiu criar uma interface entre Marketing e Psicologia; a segunda deixou bem claro que escolheu estagiar em um local tradicional, já estabelecido. Enquanto hoje ele é O Cara da área do Marketing e da Psicologia, ela é só mais uma estagiária de Psicologia. O próprio Marcelo é um exemplo disto, pois está batalhando para criar um estágio novo, em uma área ainda inexplorada da Psicologia no Rio Grande do Sul.

Fiquei pensando no que eu quero fazer. Não escolhi nenhum estágio inovador, revolucionário ou qualquer outro adjetivo do gênero, e escolhi locais já relativamente estabilizados. Mas também não posso dizer que fiz como todos os meus colegas, pois vou estagiar de facto em dois locais diferentes, e que fiz esta escolha por que acredito que os dois locais me possibilitarão aprendizados diferentes e complementares. Será mais complicado, mas creio que valerá a pena.





*Resourceful seria o termo mais adequado.

Nomes de Diretório

Dei uma viajada este final de semana e fiquei pensando no nome do nosso órgão representativo. Ao contrário de outros diretórios e centros acadêmicos que homenageiam pessoas ilustres, ele se chama apenas Diretório Acadêmico de Psicologia - DAP, para os íntimos. Na Medicina, há o Centro Acadêmico Sarmento Leite (CASL), que homenageia o fundador da Faculdade de Medicina da UFRGS; o Diretório da Psicologia da PUCRS se chama Diretório Acadêmico Irmão Hermes Pandolfo (DAIHP), e da UCS é Diretório Acadêmico de Psicologia Silvia Lane (DAPSIL). Toda essa variedade de nomes me faz pensar que só DAP, apesar de charmoso em sua simplicidade, é um nome muito sem graça. Por isso, seguindo este padrão de homenagear pessoas importantes do nosso campo de atuação, pensei em alguns nomes diferentes para nosso diretório, levando em conta a importância histórica do homenageado e o que a escolha de seu nome representaria:

Diretório Acadêmico Sigmund Freud (DASF) - Freud e Psicologia é o maior clichê que pode existir, e por isso não podia ser deixado de fora desta lista. Pessoalmente, não gosto muito da idéia, por reforçar ainda mais o pensamento psicanalítico presente na nossa faculdade.

Diretório Acadêmico Jacques Lacan (DAJL) - Mesmo depois de dois anos de faculdade, tenho que admitir que sou incapaz de perceber por que diabos Lacan é considerado tão importante dentro da Psicologia. Ainda assim, tem muita gente por aí que lê o que ele escreveu, e não seria tão absurdo nomear o diretório em sua homenagem. Seria, contudo, bastante simbólico escolhermos um grande enrolador, "picareta autoconsciente" (segundo Chomsky) e entusiasmado nihilista para representar os ideais mais elevados do nosso diretório.

Diretório Acadêmico Deleuze e Guattari (DADG) - OK, são duas pessoas diferentes, mas é tão comum ouvir seus nomes em seqüência que me parece até natural homenagear os dois ao mesmo tempo. Não gosto muito dos escritos deles, por me parecerem desnecessariamente incompreensíveis e prolixos. Mas, em seu favor, devo dizer que, ao contrário de Lacan, eles adotaram uma visão muito mais otismista do ser humano, e acreditavam no seu potencial. Pode não parecer muita coisa, mas para mim é realmente significativo.

Diretório Acadêmico Carl Jung (DACJ) - Jung é um cara legal dentro da Psicologia, mas tenho a impressão que seu nome não é muito representativo de nada, e que renomear nosso diretório em sua homenagem não seria uma boa idéia.

Diretório Acadêmico Ivan Pavlov (DAIP) - Nome mais amolador possível para nosso DA. Soa legal, mas Pavlov, por mais importante que tenha sido na história da Psicologia com sua reflexologia, parece representar ideais já ultrapassados.

Diretório Acadêmico Fred Skinner (DAFS) - Outro nome extremamente amolador. Skinner, ao contrário de Pavlov, é bem mais contemporâneo e moderno, e suas idéias excercem uma influência muito forte sobre as psicologias experimentais. Contudo, o pandeterminismo pregado por ele não me agrada muito, apesar de achar muito do caralho a possibilidade deste nome.

Diretório Acadêmico William James (DAWJ) - Historicamente, William James foi para a América o que Freud foi para a Europa. Mas, ao contrário deste, grande parte de suas idéias continuam atuais e significativas. Seu nome implica uma forte postura humanista, grande rigor científico e, ao mesmo tempo, uma atitude levemente debochada. Eu sentiria grande orgulho de atuar no DAWJ (que acabaria sendo pronunciado como Dauge).

Diretório Acadêmico Carl Rogers (DACR) - Uma excelente escolha para nome de diretório de Psicologia. Rogers, além de ser um teórico muito interessante, excerce forte influência sobre outras áreas de conhecimento, especialmente a Educação, e representa ideais humanistas muito elevados. Além disso, não seria difícil convencer o pessoal a escolher este nome (eu acho).

Diretório Acadêmico Abraham Maslow (DAAM) - Mesma coisa que Carl Rogers, só que pouco conhecido no Brasil. Seria um nome legal, mas duvido que alguém mais além de mim votaria nele.

Diretório Acadêmico Viktor Frankl (DAVF) - Junto com William James um dos meus preferidos. Nomear nosso diretório em homenagem ao psiquiatra que sobreviveu aos campos de concentração nazista e criador de uma das mais belas teorias em psicologia seria muito significativo.

Diretório Acadêmico Aaron Beck (DAAB) - Único dos teóricos aqui citados ainda vivo. Seria um nome bastante amolador, considerando que o velho Beck é o maior expoente das terapias cognitivo-comportamentais da atualidade. Legalzinho, mas fraco do ponto de vista ideológico.

Diretório Acadêmico Içami Tiba (DAIT) - "O diretório que ama, e por isso educa!". Preciso dizer alguma outra coisa?

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

As Provações da Faculdade XXXIII

Escrevi meu trabalho de Psicopatologia II, o último de todo o semestre, no meu caderno. Está pronto, só esperando ser transcrito para o computador. Essa é a parte mais chata de todas. Merda.

Mudando de pau pra cavaco, logo estarei fazendo aquele meu post de avaliação das disciplinas do semestre.

The Internet made me do it!


Acontece bastante isso comigo. Damn webcomics.