terça-feira, 15 de julho de 2008

A Eterna Batalha Contra as Bibliotecas

Eu detesto bibliotecas. Adoro livros, adoro ler, mas detesto a organização das bibliotecas. Cansei de ir aqui na da Psicologia e ficar batendo cabeça tentando decifrar aqueles numerozinhos e letrinhas que supostamente servem para te orientar. Segundo uma amiga minha que faz Biblioteconomia, faz perfeito sentido e não poderia ser mais claro. Como eu desconfio que isso seja na verdade um complô das bibliotecárias para dominar o mundo deixando todo mundo confuso com seu Dewey Decimal System, acho que faz sentido só para ela.

Estou expandindo meus domínios, ou, melhor dizendo, meus pontos de ficar retardado: já peguei livros na Faculdade de Educação, e agora mesmo volto de uma incursão à Escola de Enfermagem, onde vivi minha última aventura bibliográfica.

Fui pegar um livro do Carl Rogers, intitulado "Psicoterapia e Relações Humanas". Como é de praxe, dei uma olhada no catálogo da UFRGS aqui em casa, anotei o código e me fui. Lá chegando, só para prevenir, dei outra olhada no catálogo e conferi novamente o código. Tudo certo: 000198709. Achei estranho não ter nenhuma letrinha, ainda mais porque todas as prateleiras tinha W, Q ou qualquer consoante dessas para demarcar as seções por assuntos. Sabendo da minha sorte em bibliotecas, fui conferir os números mais uma vez, e descobri que, sim, eles estavam errados. O correto era 497 R724p 2. ed. Mas, de novo, os códigos não batiam, pois ainda não tinha letrinhas na frente dos números!

Fui procurar o livro mesmo assim. Sempre imaginei o trabalho dos bibliotecários como sendo tedioso e sem muita movimentação. Mas quando eu vou numa biblioteca, sei que alguém ali vai achar graça, pois chega um ponto que eu fico tão abobado com todos os números, letras e total falta de sentido de tudo isso que começo a saltitar com o papelzinho rabiscado com os códigos de localização e título dos livros que busco, cantarolar como um smurf e bater minha cabeças na paredes. Ver alguém fazendo isso desaparecendo e surgindo novamente por entre as prateleiras cheias de poeira deve ser especialmente engraçado, principalmente se você passou seu dia colando etiquetinhas numeradas em bazilhões de volumes. Pensando bem, os bibliotecários devem ver isso com mais freqüência do que imagino (as etiquetinhas devem ser feitas para eliciar tal tipo de resposta comportamental).

Não estava muito interessado em ficar batendo cabeça por muito tempo hoje, então decidi ir logo de cara pedir ajuda para a bibliotecária ali presente. Tinha lido em algum cartaz pendurado por ali que dizia "não hesite em pedir ajuda ao bibliotecário, eles são pagos para te ajudar a encontrar algum sentido nesta baderna toda". Uma parte desta citação estava apenas implícita no cartaz. Enfim, fui pedir ajuda. Para minha mórbida satisfação, a mulher ficou tão perdida quanto eu. Pelo que entendi, estão mudando a forma de codificação dos livros para conquistar o mundo mais rapidamente, e o livro que procurava ainda não fora "ajustado". E, tal como eu fizera a menos de cinco minutos atrás, ela ficou quicando de um lado para o outro entre os livros feito barata tonta, incapaz de achar qualquer coisa que ajudasse. Ela, então, teve que fazer o mesmo que eu e pedir ajuda superior - no caso dela, a chefe. Depois de uma breve busca entre livros ainda não recolocados nas prateleiras e dos livros "em adaptação numérica", a chefe concluiu que o livro estava "mal guardado" (um crime passível de pena de morte na Biblioteconomia), e foi olhar onde ele deveria estar. E lá estava a droga do livro, aliás, dos livros, pois são dois volumes.

Passei no balcão, passei meu cartãozinho, digitei minha senha e trouxe os dois para casa. Saí da Escola de Enfermagem satisfeito: se os bibliotecários realmente estiverem tentando conquistar o mundo, eles não vão conseguir tão cedo, por que primeiro eles vão ter que recodificar tudo de novo, e devem existir várias facções diferentes fazendo isso ao mesmo tempo. Que se canibalizem. Eu vou ler.

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