sexta-feira, 27 de outubro de 2006

O Texto que encarna a Verdadeira, Suprema e Absoluta Justiça

Vi agora mesmo uma reportagem no "Jornal Nacional" a respeito de crimes virtuais. Para os experts no assunto, o maior problema da internet brasileira são os sites de cunho racista, em especial os de ideologia nazista.

E eles estão certos. Todo e qualquer tipo de opinião racista deve ser suprimida, pois pode ofender e traumatizar os negros, os judeus ou até mesmos os Emos. É justo e correto.
E neste espírito, em nome de Minerva, proponho que toda e qualquer opinião política seja proibida. Afinal, podemos ofender os nossos adversários. Também, toda e qualquer propaganda anti-tabagista seja abolida, pois os donos dos carteis de tabaco se sintam mal, e nunca mais se recuperem. O mesmo também é valido para opiniões emitidas sobre empresas que poluem, traficantes de drogas, homicídas e fabricantes dos pirulitos dos Cavaleiros do Zodíaco.
Proponho, que toda e qualquer forma de expressão de sentimentos e opiniões seja banida: chega de garotas mal-intencionadas darem chutes na bunda de meninos puros e inocentes; nunca mais trocarão deboches torcedores de times de futebol diferentes (aliás, vamos acabar com o futebol também, em nome das mães dos árbitros).

Em fim, proponho ao Congresso Nacional que considere crime, passível de pena de morte, abrir a boca no Brasil.

Foda-se a liberdade de expressão.

PS: Quem não souber o significado da palavra "Ironia" que fique longe daqui.

sábado, 7 de outubro de 2006

Adeus para um amigo desconhecido

Este final de semana, acredito que sábado dia 30 de setembro, morreu, em um acidente de carro, Gustavo Reis. Não fiquei sabendo da notícia imediatamente, pois estava em Porto Alegre, participando de um acampamento, e quando cheguei em casa, fui informado apenas de um grave acidente.

Não imaginava que a dor da perda de Gustavo estivesse tão perto de mim.

Ao entrar no MSN, vi que Huginn tinha posto uma mensagem de luto em seu nickname, e outro amigo meu tinha feito o mesmo. A princípio, pensei que algum roqueiro importante havia morrido. E era justamente isto. O roqueiro Gustavo, a quem eu conheci por "Ruivo".

Não posso dizer que o Ruivo era meu amigo, pois só vi ele uma vez em minha vida, numa festa na casa do meu parceiro de blog. Cara alto, simpático, irreverente, esse Ruivo. Apesar de ter notado estas características suas, não posso realmente dizer como ele era. Deixo isto ao encargo de quem realmente conviveu com ele, e sabe do que fala. Posso dizer, com toda a certeza, de que só percebemos como alguém é importante para nós quando a perdemos para sempre, não importa quanto tempo a amamos, pois o coração não lembra da data e da hora em que ficamos amigos, mas quanto nossa amizade cresceu desde então.

Sei que para mim é fácil dizer isto, e sei que Huginn, Midiway, Seif e toda os Ten Dudes estão amargurados, mas peço, em nome do Ruivo que não chorem mais. Não chorem mais, não por que lágrimas são ruins, mas por que apesar dos pesares, nós continuamos neste mundo, e cabe a nós continuar o que os que partiram começaram. Agora é a hora de termos coragem, e de assumir todas as qualidades de quem se foi, e lutarmos pelo o que é certo.

Ruivo, quem te conheceu sentirá tua falta, e quem não te conheceu, sentirá falta da oportunidade ter conhecido.

segunda-feira, 2 de outubro de 2006

O sangue deixado para trás

Um de meus técnicos de atletismo nos Estados Unidos disse uma vez que não se importava em ficar em último lugar numa competição importante, se ele tivesse feito o seu melhor. O que realmente importa é o esforço, a dedicação, a persistência. A vitória é apenas um subproduto superestimado.

Participei de uma competição escoteira este fim de semana, como monitor (líder) de uma patrulha (time). Ficamos em 24º lugar de 30 equipes. Foi um fiasco. Não por termos ficado em posição tão fraca, mas pela falta de espírito de trabalho e união que imperou entre nós.

Ao que tudo indicava, meus patrulheiros estavam tão ou mais empolgados, e que iriam se dedicar com todas as suas forças para vencer. Nada mais falso. O que eles desejavam era uma “vitória fácil”, erguer o troféu e viver um momento de glória sem terem se esforçado para isto. Diversas vezes preferiram satisfazer prazeres pessoais em detrimento das necessidades da equipe. Fiquei com a sensação de ter falhado como líder, pois não consegui motivar meus comandados a lutarem por uma verdadeira vitória. E mesmo assim, no final da atividade, na entrega dos prêmios, eles ainda esperavam ganhar algo, como se tivéssemos merecido algo. Senti uma grande raiva.

Levar uma taça para casa não é a verdadeira vitória. Pelo contrário. A vitória está em sofrer, lutar, chorar e nunca desistir, por mais doloroso que a jornada seja. A verdadeira vitória é, no fim do dia, ver as mãos vermelhas e calosas por remar com muito empenho; sentir as bolhas nos pés doerem por ter corrido demais; passar emplasto nas costas por ter carregado uma mochila pesada demais; é olhar para trás e ver que, ganhando ou não, se lutou de verdade até o final, como os verdadeiros heróis fazem.

Coloquei “vitória fácil” entre aspas não por acaso, mas por ser uma contradição. Uma vitória é sofrida, lutada, conquistada a ferro e fogo, ou não será verdadeira. Qual seria a satisfação de ganhar sem esforço? Levantar uma taça que foi roubada e não conquistada? Seria uma vitória vazia, sem significado. O empenho é que valida a vitória, e não o contrário. Apenas se deixarmos nosso sangue no tortuoso caminho ao topo, nada terá valido a pena, e teremos apenas desperdiçado nosso tempo.